quinta-feira, 15 de março de 2012

Minha infância e minha Mãe Gê

Esse post é pra contar um pouquinho da minha vida e um pouco mais sobre essa criatura maravilhosa que é a minha mãe Gê, a Nina do Pokbunny!

O começo

Eu nasci em São Paulo, cidade onde meus pais moravam já há um certo tempo, a familia do meu pai morava em Registro, uma cidade HOOOOORROROSA no vale do rio Ribeira (juro, eu detesto aquele lugar!), a familia da minha mãe em Itapetininga, uma cidade simpática lá pros lados de Tatuí, Sorocaba,  180 Km de SP.

Quando chegou a hora de voltar pro trabalho minha mãe meio que entrou em pânico porque não tinha ninguém de confiança pra cuidar de mim, não me perguntem sobre creche porque eu nem sei se ela pensou no assunto, cada vez que conta sobre isso ela menciona apenas que as irmãs do meu pai não tinham o menor interesse em ir lá ficar comigo (nem pagando!), babá era fora de cogitação porque na mesma época teve um cauuuuso de uma babá que matou a criança e quando os pais chegaram na casa a criança tava como uma maçã na boca que nem uma leitoa de natal, coisa horrorosa que me parece mais lenda urbana!

De todas as saídas, a mais viável foi me levar pra casa da minha avó, em Itape e me deixar por lá, oque contam é que ela disse "Mãe, vou deixar a Ingrid aqui até arrumar alguém de confiança pra cuidar dela em São Paulo!", eu fiquei com a minha avó até os 14 anos! hahaha.

Meus pais iam pra lá nos finais de semana, mais tarde eu ia dois finais de semana pra SP e eles vinham dois, eu passava férias e feriados por lá, quando a vida deles melhorou de vez eles até tentaram me levar, mas ai era tarde e não tinha promessa de quarto cor-de-rosa no mundo que me tirasse da casa dos meus avós.

A casa dos meus avós 

Minha mãe tem oito irmãs e três irmãos, na época tinha ainda meu tio mais velho, e a casa sempre foi grande e cheia, ela ja tinha uma irmã e dois irmãos casados, o resto todo morava com a minha vó, conte ai também minha tia que era mãe solteira e tinha um filho de sete anos, o Kaco!

Coração de mãe sempre cabe mais um, e coube eu, aquela bebezinha que tirou o sossego e mudou a vida de todo mundo, eu era amada e paparicada por todos, mas em especial pela minha tia Angelina, que mais tarde virou minha mãe Gê.

As mães e as tias-mães e tios


A Mãe Gê

É bem comum ver crianças que moram com os avós chamarem os pais pelo nome e os avós de pai e mãe, isso não rolou lá em casa, meus avós sempre foram vó e vô e quem virou mãe foi a tia Angelina, não me perguntem como, quando e porque, também não a critiquem por me deixar chama-la assim, ela merece, merece sim ser chamada de mãe e merece todo o meu amor de filha!

Ela na época já tinha seus problemas ósseos, tinha operado o cotovelo (ou a mão, nem me lembro) e já tinha sido aposentada por não poder trabalhar, então, ela estava lá em casa o tempo todo pra mim, só pra mim, pra me encher de amor e carinho, como é que eu não a chamaria de mãe se ela fazia com excelencia esse papel???

Assim foi, eu dizia pra todo mundo que eu tinha duas mães, a mãe Gê e a mãe Cidinha, muita gente não entendia, tinha gente que achava que eu era adotada, sei lá, só sei que demorou um certo tempo até eu começar a ouvir que eu era uma menina de sorte, afinal tinha gente que não tinha nenhuma e eu tinha logo duas. (na real eu tinha muito mais que duas, uma vez que minha avó e minhas tias sempre foram um pouco mães também!).

A mãe Gê é a mãe zeloza, a mãe do perdão, do amor incondicional, a mãe que se anula, que se entrega, a mãe que ignora as falhas e os defeitos, a mãe Gê é a mãe que quando eu tenho raiva de alguém ela tem raiva comigo hahaha, a mãe pra quem eu choro e que corre acender uma vela pro meu anjo da guarda ou ligar pra benzedeira pedindo que olhe por mim, a mãe Gê me escolheu como filha e isso pra mim é a coisa mais linda do mundo!

Ahhhh sim, de acordo com a familia a mãe Gê mima tanto os seres amados que consegue deixar até a cachorrinha *bardosa hahhaa, é fato, porque depois que eu fui embora ela "adotou" um dos meus primos e o ser que hoje tem dezoito anos é um mimado de carteirinha, ele não a chama de mãe, ele a chama de "Lina" e tudo é a Lina. Quando eu to lá ela fica agoniada tentando dividir o amor, tentando apartar as brigas hahahah e colocando panos quentes quando eu começo a espezinhar o moleque ou reclamar da cadelinha mimada que insiste em pular na cama hahaha.

Pok ficava no colo dela dia e noite!


A saúde da mãe Gê

Como eu contei, ela sempre teve um problema de desgaste ósseo e desde muito jovem sofreu com isso, a pior e maior das consequencias desse desgaste foi no femour esquerdo que desgastou tanto que ela teve que colocar uma platina antes de trinta anos, nessa cirurgia ela acabou perdendo um pedaço de osso (simplificando a coisa, até porque eu não me lembro exatamente como foi, nem nada disso!), uma perna ficou mais curta que a outra e desde que eu me entendo por gente eu a vejo mancando.

Em 86 ela trocou mais uma vez a platina, foram dias internada, meses de cama, durante anos deu tudo certo, até que no final de 2004 ela começou a sentir dores e mais dores, foi levada ao médico e pimba, era hora de trocar a prótese, porém a coisa dessa vez não seria tão simples, ela já tinha cinquenta e poucos anos e mais o problema dos desgastes, deveria fazer um enxerto osseo pra fixar a prótese.

Foram muuuuuuuitas idas e vindas à Santa Casa de SP, as coisas piorando, ela só conseguia andar dentro de casa e ainda assim com muito medo e cuidado, pois a qualquer momento a prótese podia deslocar de vez e ai já era, causaria muita dor e transtorno.

Finalmente em agosto do ano passado foi feita a cirurgia, a prótese de titanio, mais leve, mais moderna, mais durável doque a outra, foi tudo um sucesso e ontem eu recebi uma noticia que me deixou boquiaberta e sonhando em correr pra casa dela e enche-la de beijos, ela está andando perfeitamente e não é só isso, as duas pernas tem hoje exatamente o mesmo tamanho porque os médicos consertaram o estrago que outros tinham feito há mais de trinta anos.

Quando ouvi isso, meu coração deu pulos, meus olhos se encheram de lágrimas, eu não consigo nem imaginar como deve estar sendo pra minha mãe Gê esse recomeço, sei que pra minha mãe Cidinha tem gosto de dever cumprido, pois foi ela quem arrumou tudo na Santa Casa, foram os amigos dela quem operaram e cuidaram da mãe Ge, ela esteve lá todos os dias, ela passou noites em claro se preocupando com tudo e encheu o saco de muita gente pra que tudo corresse da melhor forma possivel.

Esse post pode não estar fazendo muito sentido pra você, mas pra mim faz e muito, essa é minha forma de dividir a alegria que estou sentindo, de mostrar que a vida é assim, é engraçada, nem sempre sai como a gente prevê, nem sempre é perfeita, mas ela tem sentido e é assim porque Deus olha por nós e mesmo nos dando o livre arbítrio ele tem boa parte das nossas histórias já escritas.

Acredito que muito antes de eu nascer, ele tinha lá escrito que a Ingrid seria filha de muitas mães, mas duas em especial e essas duas dividiriam não só a alegria de ser mãe, mas as dores e as responsabilidades, essas duas também se sentiriam responsáveis uma pela outra e isso as tornaria fortes o suficiente pra superar altos perrengues, começando é claro, pelo fato da senhora minha mãe Dona Cida ter que aceitar de bom coração que sua única filha não só chama sua irmã de Mãe como a ama do fundo do seu coração e até hoje as vezes corre primeiro pra mãe Gê! =)


Minhas duas mães!

Ah sim, dona Cida agora também tem que dividir o neto, que antes de chamar vovó já chamava Nina, Nina hahahaha. 

O "Ioio" da Nina (ela chama ele de Ioio)

Diz ai, sou ou não sou uma pessoa de muita sorte nessa vida??

Beijocas

*Bardosa é uma criatuda com BARDA, também conhecido como MIMADO!

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