terça-feira, 24 de maio de 2011

Desabafando

Lendo por ai fui consumida por uma vontade imensa de dar um "safanão" em algumas mães, mães que ao invés de botar a vida em prática passam o tempo vivendo atrás de teorias, criando expectativas em cima do que leu no blog no sei de quem ou no livro de um autor famoso, como se a vida e a maternidade fossem receita de bolo, que o sucesso está em seguir direitinho oque foi escrito. Nessas horas além do safanão tenho vontade também de lançar um livro do tipo "Dormindo Oito Horas Desde a Primeira Semana de Vida", apooooosto que iria virar BEST SELLER, mãe nova é criatura desesperada e tem uma fome voráz de tudo e qualquer coisa que vá fazer a vida dela ficar mais fácil.... AH SE ISSO EXISTISSE!

Eu acredito que primeiro, tudo na vida é uma questão de escolha e segundo, acredito piamente que um dos caminhos pro "viver bem" é evitar criar altas expectativas. Eu aprendi isso há mais de 10 anos numa viagem frustrada à Paris, eu me decepcionei e me frustrei tanto que hoje, aquela que foi uma cidade tão desejada, estudada e sonhada, é pra mim um dos piores lugares do mundo, quando penso em Paris me lembro de argelinos vendendo hashishe, as ruas fedendo urina e ter pisado em coco de cachorro dentro do metro.
Depois de Paris, pra comprovar minha teoria (teoria boa é comprovada na pratica) de que "low expectations", podem dar um excelente resultado, veio a paixão por Frankfurt, uma cidade que ninguém da bola, que eu nunca nem quis visitar e que morri de amores depois de passar quatro meses morando la.

Mas e oque isso tem a ver com ter filho, eu explico, depois de Paris eu decidi me deixar levar, (sou control freak então o se deixar levar ainda tem um minimo de planejamento, listinhas e anotações) pra cada viagem eu lia um pouquinho sobre o destino, o básico do básico e quando chegava lá sabia mais o menos oque me esperava e me perdia pra me encontrar. Com a maternidade foi assim, nada de cursos, leituras profundas e especificas, (o unico livro que li foi o da Tracy Hoog, a Encantadora de bêbês, li e adorei por ser despretencioso) super expectativas, nada de técnicas ninjas de como ser uma mãe maravilhosa e criar um ser perfeito (até porque não acredito em perfeição).
Meu filho nasceu e eu fui dançando conforme a musica, surpreendendo inclusive minha mãe que praticamente perdia o sono pensando "Meu Deus, oque será dessa criança" hahha

Aceitei desde o principio que eu tinha ali um outro individuo, que não era uma extensão do meu ser, que aquele outro individuo tinha suas necessidades e demandas, seu choro era seu meio de comunicação, os bebes choram por que não sabem falar, se falassem certamente chorariam bem menos, o choro mansinho era "troque minha fralda mamãe" ou "me de um pouco mais de atenção", os berros estridentes e fortes era "To com FOME", "to com cólica", to eeeeentediado DEMAIS", não era assim tão dificil de entender.
Eu respeitei meu filho desde o momento em que ele nasceu, o respeitei como pessoa e o tratei como individuo. Sempre conversando, falando, explicando tudo pra ele, pedia sua ajuda quando não o entendia, juntos aprendemos todos os dias e assim a vida segue numa boa, sem dramas, sem paranóias e sem muita teoria, pois sou pratica, muito pratica e acho que a vida acontece enquanto nos escondemos buscando respostas e não prestando atenção nos sinais que eles nos dão todos os dias.

Eu não sou dona da verdade e também não tenho a fórmula secreta do sono continuo e tranquilo ou da felicida eterna dos bebes (ficaria MILIONÁRIA se tivesse), mas tenho em mim a certeza de que meu filho sempre se sentiu amado e querido mesmo que nunca tenha ficado pendurado em meus seios mamando a cada 15 minutos, mesmo nunca tendo passado seus dias em meus braços ou enfiado num canguru grudado em mim pra onde quer que eu fosse, mesmo tendo ficado dois minutos chorando enquanto eu terminava de me alimentar, ia ao banheiro ou trocava de roupa.
Meu bem estar, a felicidade do meu relacionamento sempre vieram primeiro, pois isso pra mim é a garantia de paz, amor e tranquilidade que meu filho precisa ter ao seu redor para ser feliz, se eu estivesse pirando, entrando em crise, paranóia, se ficasse brigando ou ignorando a existencia do meu namorido, se tivesse me isolado num mundo particular com meu filho as coisas certamente teria seguido rumos diferentes.

Se você pensa em ser mãe, se está gravida ou se já é mãe, meu conselho é, VIVA o MOMENTO, não se desespere, não se descabele, não corra desesperada atrás de super teorias, livros e isso aquilo, páre, respire, conheça seu filho. Junto com o pai dele forme um time, um time que todos os dias deverá jogar junto, comemorar as vitórias e se fortalecer com as derrotas, sim, porque não é sempre que a gente ganha, seu filho tem pai e mãe, então não tem porque ele ficar por sua conta 24x7, não se preocupe, ele não vai amar mais o papai porque mamãe precisa dormir um pouquinho e papai vai ficar brincando.


Seu filho precisa de uma mãe saudável, com um relacionamento legal, seu filho precisa de uma casa cheia de luz, de uma mãe cheirozinha que ainda que fique de pijama ou de calcinha o dia todo, tenha tomado um banho, se alimentado direito e tido um tempinho só pra ela. Eu sei que você está pensando "falar é facil, Ingrid", sim, falar é fácil, mas como eu já disse aqui, sou prática e oque estou aconselhando é baseado na minha prática e não em uma teoria qualquer, também sei que as pessoas são diferentes, mas acredito no potencial delas, especialmente no das mães, que todos os dias se superam para cuidar de seus filhos.


Seu filho precisa tomar banho, não vai morrer afogado na banheira, pode ser que ele de um escandalo fenomenal como deu o meu, e ai nesse caso, alternativas serão bem vindas. Pode coloca-lo na água involto em uma fralda isso dá mais segurança ou pode tentar o chuveiro, como nós tentamos e deu super certo, coloque uma camiseta pra ficar mais seguro, pegue-o no cólo e seja feliz. Na verdade o banho aqui em casa sempre ficou por conta do papai, era o momento deles.

Seu filho não precisa dormir na sua cama pra se sentir seguro, não precisa ser alimentado toda vez que chora, as vezes é apenas uma cólica, fralda cheia ou tédio, as vezes ele quer apenas um carinho, estar no seu colo!
Seu filho não vai estar mais conectado a você se não quiser ou não puder amamentar e tiver que usar a mamadeira, o leite materno é sim o melhor alimento que um bebe pode ter, mas bem sabemos que as coisas não assim tão faceis e lindas como nos livros, então não se culpe se na sua casa tiver mamadeiras e leite artificial, o importante é seu filho ser alimentado.

Sorria, seja feliz, seu rosto e suas expressões são o espelho pro seu filho, vai ser com seu sorriso que ele vai aprender a sorrir, ninguém sorri pra uma cara triste ou emburrada.

Tenha disciplina, tenha uma rotina, pequenos rituais facilitam a vida de toda a familia, assim como qualquer outro ser humano os bêbês também tem um ritmo próprio e estão em constante mudança, mas eles tem uma capacidade incrivel de reconhecer rituais e manter rotinas, veja bem, ninguém ta dizendo pra criar uma filial do exército em casa, bom senso SEMPRE!

O "baby blues", meio que vem com o pacote maternidade, depois de tanta felicidade, adrenalina, sentir um "vazio", uma certa tristeza é muito, muito comum. Eu confesso que ja me senti assim até depois de uma viagem super legal, me sentia sozinha e triste ao voltar pra casa, na maternidade acho que é mais o menos assim, então, chore quando precisar chorar, converse, exponha suas tristezas, coloque pra fora, isso vai ajudar muito, não se entregue, você não está sozinha. Muitas mulheres já passaram por isso, muitas outras irão passar, é uma fase, seja confiante e tenha fé na vida e se precisar, procure um profissional, o importante é você ficar bem pra poder seguir em frente e curtir a melhor coisa do mundo, seu filhote! 

Quando as coisas pesavam pro meu lado eu pensava, a maternidade não é um fardo, é uma mala pesada onde levo aquilo que escolhi "usar" nessa super viagem.

Seja mãe e seja feliz!

PS: Esse post eu criei meses atrás num momento de coração apertado onde parecia que eu era a unica mãe vivendo a maternidade numa boa (que pretenção), esse post não é uma resposta ou uma critica, é apenas um desabafo, é oque eu diria pra uma amiga em um bom bate-papo.

8 comentários:

Nivea Sorensen disse...

Oi Ingrid,

Adorei o post. Engraçado, comecei a escrever ainda essa manha sobre quanto eu tenho me surpreendido comigo mesma. Sim, porque eu sou control freak ao limite, doida de pau. Achei que o filhote fosse literalmente me enlouquecer (e fiz terapia para evitar isso), mas no entanto tenho levado as coisas numa boa. Não estou seguindo livro ou receita nenhuma, estou errando e aprendendo. As vezes me frustrando no meio do caminho, é verdade, afinal ninguém quer ver um filho chorar mesmo sabendo que é preciso deixá-lo chorar um pouquinho para entender o que ele quer.

Reclamo no blog, porque é da minha natureza reclamar! rs

Enfim, me assusto as vezes na blogsfera com a neurose de algumas mães. Como assim leva o bebe junto pra ir ao banheiro?? Erik fica sim sozinho (desde que seguro no cestinho) enquanto eu tomo meu banho. E deixo ele sozinho com o pai ou os sogros por horas se for preciso.

Ha uns tempos atras li um artigo sobre uma filosofa francesa, e como eu disse, hoje estava escrevendo sobre o assunto (vou falar disso no meu blog em breve) e fui buscar o texto novamente e encontrei. Achei que voce gostaria de dar uma olhada:

http://women.timesonline.co.uk/tol/life_and_style/women/article7070165.ece

Me fala depois o que vc achou. Alias, quero muito levar o assunto para o MI no próximo mes (vou falar com a Dani a respeito).

Um beijo e feliz 10 meses pro seu pokbunny (atrasado!)

Celi disse...

"Sorria, seja feliz, seu rosto e suas expressões são o espelho pro seu filho, vai ser com seu sorriso que ele vai aprender a sorrir, ninguém sorri pra uma cara triste ou emburrada".

Oi Ingrid,
Adorei esse trecho que citei novamente. Acho que é isso mesmo! Precisamos cuidar de nós para que nossos filhos fiquem bem e sejam felizes.
Eles absorvem tudo e sabem exatamente como estamos... Sabe que fico com o coração apertado quando escuto meu filho Felipe perguntar:
"- Mami, você tá triste?"
O que fazer nessas horas. Abrir um sorriso e lembrar que eles são as coisas mais preciosas da vida.
Um grande beijo e parabéns pelo momento de reflexão.

Anônimo disse...

Ih alá, pok-mutti revoltada :-P

(Claro que não dou um pitaco sequer enquanto eu não tiver um bacuri por aqui...)

Lu disse...

Concordo muito!!

Aqui sobra amor, amasso, beijo, carinho. Mas todo mundo vive feliz, com mta rotina e seguranca, e sem neuras. O Uri sempre ficou sozinho tbem (ate ter a crise dos 3 meses.. hehe). Na minha cama rodeado de almofadas, no carrinho dele, no berco dele. Nunca me imaginei em cima do meu filho o tempo todo! Nem em anular a minha vida por conta dele.

Beijos, querida!

Mãe Viajante disse...

Ingrid, you read my mind... Adorei seu post, tenho uma enooorme dificuldade em gerenciar expectativas, muitas vezes acabo me frustrando por causa disso. Também sou meio control freak, e estou trabalhando nisso de gerenciar o que esperar/planejar da vida... Adorei mesmo.
Beijos e parabéns pelo post.
Livia

Clarinha disse...

Ingrid, eu compraria seu livro com certeza!!! Menina, quando meu filho nasceu, eu tive esse tal de baby blues, mas não conhecia isso! Nossa, é meio difícil, né? Mas o mais difícil, eu acho, é que nesse mundo de mães, muita gente quer ditar o que é certo ou errado. Muita mesmo. Amamentar é certo, mamadeira é errado. Cama compartilhada é errado. Tantas outras coisas...mas o importante é ser feliz e fazer escolhas com consciência, né mesmo?
Beijão

Ingrid Gomes disse...

@Nivea, eu temi muito oque estava por vir pos parto, pois sabia que jamais a vida seria a mesma e nao foi, do nada encontrei um equilibrio que eu nunca tive na minha vida, encontrei paz de espirito pra administrar emprevistos e lidar com tudo oque antes de me deixava louca em questão de minutos, nunca vou saber explicar oque aconteceu, mas fato é que eu consegui estabelecer uma rotina sem surtar, sigo fazendo minhas listinhas, minhas anotações, mas isso facilita a vida! hahaha
Valeu pelo link. =)

@Celi, eu aprendi com minha mãe, que não importa oque vc esteja sentindo um sorriso sempre faz tudo melhor, minha mãe é do tipo logo de manhã distribui sorrisos e bom dia, e eu via que quando meu filho olhava pra ela os olhinhos dele brilhavam, a coisa funciona e foi ai que comecei a sorrir pra ele sempre, muitas vezes com lágrimas nos olhos e o coração apertado, mas eu sorria e ele é hoje um menino extremamente feliz e risonho. =)

@Bruna, ae, vai aprendendo hein! hahaha

@Lu,acho que estamos indo por um bom caminho! =)

@Livia, desacelerar é a solução, a coisa tem que ser gradativa, ir aos poucos, por que mudar da noite pro dia ninguém muda,aliás, eu não acredito nem que as pessoas mudam, acredito que elas se adptam, o original tá sempre lá guardadinho hahhaa, conte comigo nessa sua empreitada, to por aqui sempre que precisar! =)

@Clara, meu livro seria um SUUUUUCESSO, pena que seja SURREAL demais hahah, eu respeito muito as escolhas alheias, se te faz feliz, bom pra você,desde que não esteja se machucando ou machucando o outro, é claro! =)

Meninas, adorei as visitas, adorei os comentários, voltem sempre! Beijocas

Mikelli disse...

adorei o seu post desabafo. Se tem uma coisa que eu tenho certeza desde o começo da gravidez é que: nao existem regras =) cada um tem a sua experiencia e vai achar o seu proprio metodo. quanto a isso nunca tive medo ou receio. Quero ler varios livros a respeito, mais pra saber tudo o que pode acontecer, mas sinceramente, ate agora so consigo ler livros comicos sobre a gravidez haha =) acho bem melhor do que me estressar. bjs!